A Revolução Paulista de 1932 como possível precursora da participação política popular no Brasil
Resumo
No Brasil, a década de 1920 foi marcada por mobilizações e questionamentos ao regime oligárquico vindos de operários, artistas e militares. Em 1922, ex-militantes anarquistas, animados com as repercussões da Revolução Russa, fundaram o Partido Comunista do Brasil (PCB)36. Bandeiras vermelhas com a foice e martelo entrelaçados, símbolo da aliança entre operários e camponeses, eram carregadas nas greves e manifestações dos trabalhadores em todo o país, rivalizando com os estandartes de anarquistas, anarcossindicalistas e socialistas. As contradições das oligarquias cafeeiras, somadas às conseqüências trazidas pela Crise de 29 e às insatisfações de vários setores sociais brasileiros, fizeram emergir a Revolução de 1930. Um novo arranjo
de forças políticas começava a ser montado no país. No entanto, a 09 de julho de 1932, empurrada pela oligarquia cafeeira paulista, teve início a chamada Revolução Constitucionalista, que duraria menos de três meses e que se tornou a maior mobilização militar ocorrida na história do Brasil, matando cerca de novecentas pessoas e com envolvimento direto de aproximadamente cento e trinta mil combatentes37. Um movimento em que o lado vitorioso pouco falou e o lado derrotado comemora até os dias atuais. Mais do que a conjuntura estrutural militar, a participação popular e sindical no movimento pode ter inaugurado uma nova forma de presença do povo na vida política nacional, onde tudo, aparentemente, passou a parecer possível. A resposta a esses novos ares teria vindo em 1937, com a imposição autoritária do Estado Novo, ainda sob o comando getulista.